quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Prefira-se perder a não tentar

Contemple-se as belezas naturais
Deixe-se ouvir as palavras doces
Deixe-se ver a purez do corpo
Permita-se a unidade e a alegria
Voe-se na esperança alcançada
Reflicta-se a imagem na água do mar
Percorra-se com os dedos o mundo
Sinta-se o coração a palpitar
Afaste-se os maus pensamentos
Tema-se pelas promessas por cumprir
Derrube-se os fracassos infundados
Grite-se e clame-se a vitória
Pinte-se as paredes da cor do céu
Espere-se que os pássaros cantem
Abrace-se os bons corações e ideias
Lute-se sem tréguas nem violência
Prefira-se perder a não tentar
Corra-se, esperneie-se, recomece-se
Conquiste-se, recue-se, avance-se,
Sofra-se, sujeite-se, descubra-se,
Mas nunca, nunca se desista...
Ame-se...

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Convenceram-nos de uma mentira!

Acordamos a cada dia com a crença na mentira com que fomos crescendo - nada podemos para alterar aquilo com que não concordamos - assim, acomodamo-nos, deixamos estar, porque mesmo que fizéssemos algo de nada serviria!
Somos assim tão cobardes? Ingénuo? Descrentes! Podemos tudo. Mesmo que a montanha tenha de ser empurrada, somos capazes. Portugal não é aquilo que nós queremos, é aquilo que nós deixamos que seja, porque nada fazemos.
Olhamos para a máquina burocrática de funcionamento estatal, e acreditamos convictos da mentira instituída que nada podemos! Somos capazes de muito mais.
Não nos sentaremos todos nas cadeiras de poder, mas todos daremos aqueles lugares a alguém. Mas líderes poderemos ser em cada lugar, aquele que se encontra sentado pode ter a autoridade, mas para ter liderança precisa muito mais do que apenas ser eleito.
Não posso terminar sem repetir, minhas senhoras e meus senhores acreditem quando vos digo que os portugueses somos nós, e não os outros, que os maus condutores portugueses somos nós e não os outros, e não se convençam quando vos dizem que nada podem para alterar tudo aquilo com que não concordam. Podem muito, e serão compensados pelos vossos esforços. Acreditemos!

Não posso deixar de pronunciar

São cada vez mais permanentes, ou apenas, visíveis as decisões de tribunais portugueses que retirando as crianças aos pais "adoptivos" ou adoptantes as entregam aos pais biológicos.
Cumpre-me discutir os pressupostos de uma acção judicial e de aplicação do direito não apenas em Portugal, mas nos diversos países.
De leis, de processo cíveis, não me tenho em conta como entendido, mas comecemos pela base do nosso ordenamento jurídico, ou de qualquer um neste mundo. Para que queremos um Estado? Porque necessitamos dele? Parece-me demasiado consensual para ser menosprezado que a defesa do bem comum será talvez um ponto crucial da sua constituição. Ora, é o Estado, com seus diversos órgãos de soberania que oferece a cada cidadão a hipótese de se defender, representando, aqueles que não têm a capacidade de se defender! Mas quem defende o interesse dos menores? No caso "Casa Pia", o Ministério Público acusa os suspeitos. E no caso Esmeralda? E em todos os os outros casos? Quem defende as crianças? Vejo de um lado pais "afectivos", vejo de outro pais biológicos? A criança é um objecto? Ou, também ela enquanto cidadão deve ter quem represente os seus interesses?
Para que me alerta este raciocínio? Existe em Portugal um verdadeiro Estado de Direito Democrático, ou vivemos sem Estado apenas com Direito? É que todos, mesmo com certas limitações conseguimos concordar que os impostos são necessários, embora nos custem a pagar, mas em democracia, mesmo respeitando a separação de poderes, poderíamos alterar a lei, através dos nossos representantes, mas não concordando com as decisões, o que fazemos para este fim?
Um Estado que não prossegue os fins para que se forma, mas que sujeita a regras de Direito que o contrariam.
Uma democracia que não reage mesmo quando o seu "demos" (leia-se povo) não concorda na sua grande maioria com tais decisões.
Vamos levantar do sofá? Classifiquem-me como quiserem, mas no sofá, ou nesta cadeira onde me sento ficam as lágrimas que do meu rosto correm por ver ambas as situações. Primeiro, a situação das crianças que não são defendidas mas tratadas como objectos, segundo, a nossa concepção de responsabilidade. Conquistámos a democracia, criticamos a prepotência, mas habituámo-nos a que decidam por nós, porquê? Porque é mais confortável? Não deixamos que nos representem, porque nem sequer exprimimos a nossa opinião. Decidam por nós porque a telenovela ainda não acabou?

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Não entristecer

Não entristecer!
Será falar, será dizer
Será fugir, não pensar
Nem querer!
Não olhar, nem ver
Dominar a ansiedade
Desmentir a verdade
Não admitir a saudade
E adormecer...
Deitado numa cama
Sem amar quem ama
E ficar sozinho
Procurando um cantinho
E cantar...
Sem ninguém para ouvir
Sem ter de sorrir
E calar e consentir
É não entristecer!

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Os fins justificam os meios?

Alguém cometeu um crime. És um polícia competente, reconhecido, experiente na realização do teu trabalho. Tu sabes quem cometeu o crime. Tu viste quem o cometeu. Mas ele fez o mal bem feito. Não deixou provas. Apenas uma testemunha ocular. Tu.
O tribunal nunca te pareceu um sítio tão injusto. De audiência em audiência tu apenas vês as "provas" de uma inocência que não existe.
As tuas noites parecem muito mais longas do que o habitual. Não te conformas com a ineficiência e ineficácia do teu trabalho. O processo vai-se esgotando.
As decisões tomam-se em pequenos momentos, tens acesso ao cadáver. Uma amostra de sangue da vítima em casa do culpado é uma prova a que o juiz não consegue ficar imune. Foi necessária não mais do que uma hora para comprovar um crime e ninguém precisa de saber.
"Não se escolhe quando se diz a verdade. A verdade está para além disso"
Perde-se o rumo.
Os fins justificam os meios?
Não.

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Há gente! Porquê?

Há gente que não te vê
Há gente que fala contigo
Há gente que passa
Há gente que fica
Há gente que não parece gente
Há gente que mata
Há gente que sente
Há gente que sofre
Há gente tão diferente
Há gente que come
Há gente que não quer
Há gente que não te conhece
E há gente que te ama
Somos essa gente?
Se somos,
Porquê?
Porque é que fazemos o que não queremos?
Porque dizemos o que não queremos?
Porque queremos e não dizemos?
Porque não amamos sem medos?
Porque não te falamos?
Porque não te escutamos?
Porque não te louvamos?
Porque não nos damos?
Porquê?
Porque nos fizeste assim?

sábado, 27 de outubro de 2007

A cidade e eu

O teu rosto está longe de mim
A cidade fugiu para fora de si
O ruído dos teus passos assombra
A respiração ouve-se ao longe
Não há pessoas que passam
Nem carros que circulam
A vida desapareceu devagar
As paredes são velhas e feias
Os edifícios demasiado altos
E as ruas muito estreitas
O vento ressoa ameaçador
Ouvem-se vozes perdidas
São gritos em busca de ajuda
A noite avança sonolenta
O dia desespera pelo seu fim
Pedaços de cartão e papel
Esvoaçam presos na ventania
A cidade está imunda e triste
A natureza foi abandonada
Agora só a poluição persiste
As pedras de passeio levantaram
As ruas são enormes crateras
Nas janelas os vidros estão partidos
As ruas estão desertas e livres
A cidade por completo abandonada
A tristeza do existir domina o ser
A cidade acompanha o coração.

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Os meus sonhos

Os meus sonhos são um poema de ti
Navegas na solidão do meu sono
Apareces na escuridão da noite
Ficas por ali vegetando lentamente
Às vezes abro os olhos e vejo
E lá está a imagem da tua presença
Conservo-a ali o mais tempo que posso
Esvoaças no vento, perdes-te na neblina
E eu acredito que tu estás sempre lá
Atrás da escuridão do meu mundo
Do outro lado dos meus olhos fechados
Sempre presente da tua falta física
Mas estás comigo, creio que sim
Fico a meditar no nosso reencontro
A temer o amanhã da tua ausência
Contraio-me e faço um cara triste
Redescubro a tua presença e sorrio

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Um barco à vela, Uma ilha deserta

Um barco à vela
Uma ilha deserta
São iguais
Acendo a televisão
Escolho os canais
E eles não estão lá.
Eles são o sonho
Toda a imaginação
Que me proponho
Para dilatar o coração
Um barco à vela
Traz a tranquilidade
E as ondas do mar
Uma ilha deserta
Traz a privacidade
Em tons de luar
Uma ilha deserta
Liberta calor
E aumenta o desejo
Um barco à vela
Transforma o sabor
De apenas um beijo
Torna-o salgado
E bem educado
Fecham-se os olhos
E continua-se a sentir
Nas ondas do mar
As tuas a sorrir.

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Encontrei alguém que dizia assim

Há dias em que fugimos do mundo, que nos refugiamos num canto e desejamos que tudo passe ao lado, que ninguém nos pergunte porquê, porque nem sabemos a resposta. Há dias em que é assim, não temos soluções, e só vemos problemas, são dias transpirados de lágrimas correntes mas, esses dias não são todos. No outro dia estive assim. Acho que o sol não acordou, acho até que o céu fez uma careta para mim e que me achou feio. Não gostei da estrada nesse dia, estava cheia de curvas e cruzamentos e não me explicou o caminho. As pessoas que passaram por mim não me disseram “olá”, ou pelo menos eu não as ouvi. Os meus amigos não me perguntaram “porquê?” ou pelos menos eu não lhes respondi. Foi um dia de uma semana qualquer que o calendário escolheu para me ver chorar e eu obedeci porque há dias em que temos de chorar, porque há dias em que temos de derrubar barreiras para crescer, e meditar, e pensar em nós. Há dias em que nos preocupamos connosco e maltratamos os outros e que não lhes perguntamos como estão. Há uns dias tive um desses dias e acho que ninguém reparou, foi isso que me fez ter outro.
Escreveu: Alguém que passou por nós

Será um dia Bonito

Uma amiga que tenho escreveu assim:
"Vai haver o tal dia. O dia em que todos esquecerão o que deve ser esquecido, o dia em que todos se darão simplesmente bem, e o dia em que todas as relações (quaisquer que sejam elas) sejam simplesmente perfeitas, magicas e únicas. O dia onde eu e tu, ele e ela, eles e os outros, dar-se-ão todos bem. O dia em que toda a gente e mais alguma que falte será feliz (mesmo que seja só por um mísero dia). O dia em que ninguém terá falta de nada nem mesmo de um simples carinho. Todos vão perceber onde erraram e todos vão pedir desculpa por isso e por tudo. Todos irão dizer as palavras certas e necessárias do momento. Será um dia bonito. Todos realizarão os sonhos das suas vidas por mais difíceis que sejam. Todos visitarão os lugares mais belos do mundo sem pensar nos custos. Ninguém vai pensar na vergonha que será dizer “gosto muito de ti”, simplesmente o dirão sem pensar no resto, e ouvirão um “Eu também gosto muito de ti”. O único problema será não ouvir mais dos tradicionais contos de fadas “And they lived happy forever and ever” porque o “forever and ever” acabará nesse mesmo dia. Sim, o mundo só será realmente feliz e só pensará nas coisas realmente importantes quando repararem que vão perder tudo. É triste, mas o mais triste, é que é mesmo verdade."
A ela chamam-lhe Mariana Fernandes

domingo, 21 de outubro de 2007

Geração Eleita

É um privilégio enorme ter a oportunidade de estar convosco, ver-vos crescer é ... Sem Palavras.
Skopos - um conjunto de adolescentes, que amam, que se preocupam, que oram uns pelos outros, cheios do Espírito Santo, com fome de Deus.
A geração eleita... A geração do presente... Vamos desmitificar, vamos construir.. Vamos contra a corrente. Estamos com Deus.

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

De olhos no horizonte

As palavras difíceis são como os textos longos, desmotivam-nos.
Não vemos a hora de nos levantar-mos se nos mantivermos a olhar para o chão. No horizonte os nossos limites são mais amplos e a nossa influência maior. O mundo sendo enorme nos nossos olhos fica contido. Vamos levantar a cabeça?

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Momentos

O momento tem pressa
E chamo-o intemporal
O momento é um peça
É um género teatral
O momento é eterno
E passa num instante
Mas não faz mal!
Guardo-o no coração
Ele não é passado
É uma recordação
Na vida é um estado
Na escola uma lição
Ele não se escolhe
Fica-nos na mente
Aparece num dia
E no outro está doente
Não tem hora
Nem sequer lugar
Ataca-nos de surpresa
Talvez ao acordar
Mas ataca de certeza
O momento é tudo
Um salva-vidas
Uma tempestade
Um sorriso
Uma verdade
Uma tristeza
Uma crueldade
O nascimento
A mortalidade.

A Vergonha Escondida, um Poder Universal

Embora nunca houvesse sido Saddam, o Iraque não é mais liderado por esse horrível ditador. Um conjunto de crianças e mulheres que choram agarradas a quem não têm, não são Saddam, ou qualquer outro ditador ávido de sangue e dinheiro. Estão banalizadas as imagens de atentados em pedaços de automóvel espalhados aleatoriamente por ruas escuras e destruídas por uma guerra que há muito esqueceu que um país são pessoas que lutam, trabalham e vivem diariamente. Já não se vêem lágrimas das mães que perderam os filhos, já não se vêem meninos descalços de roupas rasgadas nem se sente dor.
Será que desapareceu a esperança e que nos conformamos com a desumana gente? Será que não cumpriu já humilde gente a sua sentença? Mesmo não cometendo nenhum crime, não é já conta bastante o sangue derramado? A guerra está perdida; será pedir demais, acenar com um prémio de consolação para os derrotados? Será que a paz não faz já parte de uma humilde surpresa?
Não é já o momento de afirmarmos a nossa liberdade de expressão? Ou também nós acreditamos que estão longe demais aqueles que sofrem para sequer merecerem a nossa preocupação? Porque é que não nos atrevemos a classificar de líder sanguinário alguém que espalha corpos fora do seu próprio país? Existe alguma cláusula de exclusão patriótica, ou será título tão nobre que não pode ser exportado?
Somos unânimes em afirmar que a metrópole tem conduzido há desumanização dos relacionamentos, ao isolamento no meio da multidão, e até à frieza e indiferença. A metrópole somos nós, cheios de dedos apontados aos outros acreditando que as nossas acções nada podem para contrariar a generalização da inércia. Somos nós os responsáveis por aquilo que se passa no mundo através do nosso poder universal, não tanto por aquilo que fazemos, mas muito mais por aquilo que deixamos de fazer. Mas tal atenuante, não nos desresponsabiliza, apenas deveria agravar a nossa penitência, pela inutilidade com que nos caracterizamos bem patente nas (in)desejadas horas em que nos deliciamos frente a concursos e programas criados para nossa satisfação.
Poderão apelidar-me de ingénuo ou até de sonhador, mas continuo a acreditar no dia em que esta geração se faça realmente notar como fonte de transformação, consequência do cansaço, da inevitabilidade de reagir ou apenas de levantar do sofá. A verdade é que o tempo certo se aproxima e que a resposta urge. Chega a hora em que o conformismo não é mais posição sensata ou aconselhável. O limite das nossas acções não são a grandeza dos nossos sonhos, mas os fundamentos que construímos. A lusa gente deixou uma dura herança que a cada dia urge refazer.
Não somos mais um no meio de muitos, somos cada vez mais muitos e apenas precisamos de crer que partilhamos a mesma crença pela paz. O nosso poder é universal.

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Paixão

É a paixão que nos mata mas também ela que nos faz viver. Pode não estar escrito, pode nem ser visível a olho nú, mas um amor calmo, de mornas águas é indispensável mas insuficiente, é valoroso mas não pode ser exlusivo. Trasformar as nossas vidas em vidas excepcionais tem de ser mais objectivamente procurado, desejá-las extraordinárias é fundamental. É necessária a paixão, a loucura, o arrebatamento que nos permitem realizar obras diferentes, audaciosas, cheias de carisma. É preciso a quase insanidade da paixão, a bebedeira do amor que permite fazer diferente, fantástico, sem medos. Queremos mais, desejamos melhor, é preciso pagar um preço mais alto, sem limites. Vos amo, apaixonadamente.

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Conformados?

Decidir é o maior condicionalismo que colocamos ao futuro das nossas vidas e há quem adie a cada dia fazê-lo! Decidir não decidir representa uma imposição com consequências a que não podemos fugir. Se não fizermos, se não agirmos, se nos sentarmos confortavelmente sobre o crepúsculo matutino sem ânsia nem desespero enfrentaremos a certeza de não sermos criticados pela nossa obra, mas, os radicalismos cada vez mais presentes alertam-nos para uma inevitabilidade: não é mais hora de não contrapor nem suportar e muito menos de murmurar silenciosamente "vou na onda" é preciso marcar posição e suportar as consequências. É cada vez mais necessário enfrentar as alegrias das vitórias e as tristezas das derrotas. É urgente reconhecermos que vamos errar porque fazemos, porque estamos lá! Porque somos teimosos e temos personalidade e só mudamos de opinião se realmente nos provarem o contrário. Conformismo é manter-se inalando as consequências das fumarolas da humanidade, sabendo que é a causa do cancro da felicidade mediana.

domingo, 14 de outubro de 2007

Sentimentos

A solidão e a melancolia estão comigo
A tristeza da tua ausência envolve-me
O meu coração fechou-se para o mundo
Dos meus olhos caiem lágrimas puras
Os meus dedos tremem nervosos
Fisicamente perdi todos os sentidos
Não vejo, não saboreio, não nada...
Apenas sinto tudo e deixo passar o tempo
Fechei as portas de todo o universo
Nem sequer me recordo de olhar para trás
Sigo em frente confiante e mudo
A saudade e a ansiedade dominam-me
Não perco a calma, deixo-me ir
As correntes da alma prendem-me
O sangue parece bloquear o coração
Nada entra, nada sai e ficamos ali
Naquele sequestro da saudade
No desejo nervoso, na ansiedade
A fome e a sede da tua aparição
Libertam e aquecem com a sua luz
Estou livre atrás das grades do coração
Preso nos campos da saudade
E, perdidamente, tenho esperança
Nas veias dos meus braços e mãos
Corre a certeza de um abraço teu
Na vida a tua perseguição enaltece-me.

sábado, 13 de outubro de 2007

Os corajosos elogiam, os outros calam-se

Alegram-me as pessoas que elogiam, e contentam-me ainda mais aquelas que nada esperam receber em troca quando nos dirigem tais palavras. Tristemente, os sonetos às donzelas da elite da corte real ( leia-se: às mulheres) têm sido desprezados em trocas míseras ofertas de bebidas e piropos impregnados de exageros boçais desprovidos de afecto. Já não vemos poemas para meninas tímidas às janelas, nem prosas que cortam a respiração, trocámo-los por declarações práticas e carismáticas, símbolos de virilidade que de tão grande efemeridade estão cheias.
Saudosista? Não. Mas, há que confessar que saborear histórias de outros tempos contadas por pessoas antigas, para as quais o presente é, talvez, difícil de encarar e impossível de entender, abre no nosso pensamento o vazio do desconhecimento e da falta da vivência da contenção do desejo, do exaspero da criatividade amorosa e do romance arriscado.
As palavras bonitas, o reconhecimento de uma capacidade, de um trabalho, de uma característica, é hoje, uma rara excepção que, numa sociedade de crítica fácil, desejo enaltecer. Louvem-se aquelas pessoas que não deixaram de acreditar nas virtudes humanas e, que mais do que isso as conseguem reconhecer e apresentar diante dos outros. Corajosos não são os que enfrentam o perigo, são somente aqueles que reconhecendo a audácia daqueles que o enfrentaram, se degladeiam e vencem a batalha de enaltecer publicamente o talento.

Ali, A Natureza

Ali,
Onde a luz do sol não ilumina
Onde a noite pernoita escondida
Ali,
As idosas árvores centenárias
Ocultam do céu a maravilha da terra
Não há peixes, nem água, nem sal
Não há areia, nem ondas, nem céu
Há apenas puro espaço, tranquilo
Há vida no murmúrio no vento
E em cada rangido das árvores
Sim, porque ali as árvores falam
Gemem bem alto à força do vento
Ali a natureza cresce do chão
As rochas acumulam-se lado a lado
Cinzentas, frias e destemidas
Castanho da caruma que o cobre
O chão desenvolve-se sem fim
Sem fim no olhar que o percorre
O cheiro é húmido da terra lavada.
Naquele lugar quase inóxio
A tranquilidade domina o ser
A natureza envolve a paisagem
Ali,
Por entre as copas do arvoredo
Dançam de noite as estrelas
Ali,
Lugar que a humanidade esqueceu
Os nossos corações premiaram
Com a leveza e o silêncio do ser.

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Não desejar

Morri ontem
Hoje... não sou mais eu
Já não há desejos,
Nem angústias,
Nem coisa alguma
Que me faça correr por mim
Não há fome ou necessidade
Apenas nada
Tudo já não é meu
E ainda ontem era.
Mas ontem foi ontem
E hoje não quero.

Há dias e há noites

Há dias,
Em que,
O ar nos persegue
E somos pequenos
Em que,
O dia que se segue
Parece mais longo
E o que acontece
Não estava previsto.
Há dias,
Em que,
Aquilo que parece
Não existe
E o que sucede
Resiste, para acontecer
Há dias,
Em que,
Não há palavras certas
Nem pensamentos
E que as portas abertas
São muros sedentos
Há noites,
Em que,
Tudo fica mais claro
E o mundo não escarnece
Há noites e dias
Em que somos apenas nós.

Poema Sem Título

As palavras que não escrevo
As frases que não digo
São as mais importantes
Vêm poetas reproduzir amor
Vêm artistas apresentar arte
Tão grande é o coração
Tão pequeno o talento
Nas nossas mãos
Nos nossos olhos
Dentro de nós
Há algo que é muito mais
Muito mais, muito maior
A imagem? Não tem...
Se tivesse perdia
Perdia beleza, imensidão
Até certeza
Mais fundo, mais além
Existe algo
Que imagem não tem
E não pode ser visto
E existe.

Perguntas, porquê?
Porquê são palavras
E as palavras diminuem
As palavras desgastam
E retiram imensidão


Não pode ser descrito
Nem compreendido
Apenas aceite
E existe
Mesmo que não queiras
Mesmo que fujas
Mesmo que não saibas.

Vence o diletantismo da agonia e da inércia?

Quando nos preparamos para marcar uma geração e acreditamos que os nossos passos consagram para Deus o voltar de uma página, o decapitar de ideias tristes e fatalistas que nos cativam para o comodismo mediano de nada fazer, nem pensar, nem resistir, é preciso ser-se radical!
Não importa que atiremos ao lado, que não acertemos no centro, mas teremos de deixar a mão do lançador, pegar no arco, e ser a seta e mesmo que o centro do alvo não seja o nosso destino, por lá ficaremos crustados numa atitude convicta de quem ficou mais perto, assumindo que errámos porque fizemos.
É um lugar comum, a tranquilidade e a ingenuidade de concluir sem retirar consequências, é esse local tão normal, tão permanente e tão seguro que nos remete para o cancro da felicidade mediana e nos prende a uma realidade moldada por um conceito de risco inexplorado e por um semblante farsista de inactividade. Não agir será um fardo demasiado pesado para quem acredita que tem o futuro nas mãos.

Inauguração


Corta-se a fita, destapa-se a placa e concretiza-se um projecto.

"Deus quer, o homem sonha, a obra nasce" Pessoa

Aqui pretendo deixar, reflexões, divagações, poemas e explicações que traduzem tão somente a minha expressão pública, quem de humildes palavras retirar conclusões específicas que possam caracterizar o âmago do meu ser precipita-se. O Palavras Curiosas pretende ser um espaço de cultura, reflexão, partilha de conhecimento e enriquecimento pessoal.