Nos dias em que comemoramos a queda do muro de Berlim, “o muro da vergonha”, com o contentamento de quem venceu um obstáculo, de quem ganhou a paz e colocou de lado a vitória da guerra, sabemos afirmar a importância de derrubar fronteiras físicas e culturais para que com o respeito pela diferença saibamos acrescentar valor num contributo global para problemas planetários. Só que, do reforço do interesse e das virtudes da labuta comum com vista à prossecução de objectivos globais até à colocação em prática da defesa acérrima e pragmática desses conceitos ainda tão teóricos a diferença é cabal, provocante e assustadora!
Na mesma Europa em que comemoramos a queda de um muro vinte anos passados, assistimos desinteressados e resignados a pessoas que de passaporte na mão todos os dias tentam cruzar o muro que separa Nicósia (Chipre), entre gregos e turcos! E nós aqui tão perto!
Há alguns séculos atrás ultrapassámos o desafio da construção de pontes para superar rios como barreira naturais, e ainda usámos estes percursos de água para estarmos mais perto dos povos vizinhos. Hoje a barreira entre Israel e a Palestina parece a muitos a melhor solução para travar um conflito. A barreira México-EUA agoniza pressões e conflitos. A construção de um muro de mais de 3000km, com 25 metros de altura entre Índia e Bangladesh, enfatiza e coloca à fome milhões de pessoas, destrói relações comerciais e o sustento de famílias inteiras! Separa pessoas que independente da cultura ou nacionalidade construíram relações de amizade.
Platão escreveu por Sócrates! “Não sou grego nem ateniense, mas um cidadão do mundo!” Paulo escreveu para Éfeso “Vocês já não são estrangeiros, nem forasteiros, mas concidadãos dos santos”. Quem luta por ideais, crenças e valores não mata para viver, entrega-se à vida e à morte e tenta sobreviver!
Razões para comemorar? Não vão gostar de ouvir a resposta! Perguntemos. O que é que aprendemos com a construção, a vivência e a queda do muro da vergonha? Não quero ser demasiado pessimista! Nada!
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