terça-feira, 15 de abril de 2008

Acordo Ortográfico

Chamar-lhe-ão "acordo"? Será que, e comecemos pela denominação, nomear de "acordo" as conclusões de uma discussão (se é que ela realmente existiu), onde um dos proponentes (e desculpem-me a expressão) baixa as calças ao outro é o vocábulo que melhor descreve o que realmente está a acontecer? Mas deixemos de lado a terminologia para nos dedicarmos ao conteúdo, ou antes ainda, ao que dá origem a este "acordo" (e desculpem as aspas, mas ainda não me habituei de todo a este novo sentido que querem atribuir à palavra).
A língua portuguesa utilizada em Portugal é expressão da cultura portuguesa. A língua portuguesa utilizada em Angola é expressão da cultura angolana. A língua portuguesa utilizada no Brasil é expressão da cultura brasileira. Privamo-nos da nossa raiz cultural latina, simplesmente, porque acreditamos no potencial económico de uma língua internacional? Sinceramente, nem sequer me importa a grafia em si, habituar-me a escrever sem o "p" de "acepção" ou aceção será estranhíssimo, mas mais estranho e duro de aceitar é que, por exemplo, desde o início das negociações para a comunidade europeia, a preservação da identidade cultural de cada país sempre esteve em cima da mesa como um dos factores chave que nenhum país teria de abdicar, mas enfim, além mar, além oceano, ou a milhares de quilómetros daqui, existem países cujo potencial económico, simplesmente por manterem uma língua por nós estabelecida, nos impõem, hoje, o seu facilitismo linguista, ou influências culturais que nada têm a ver com as raízes latinas da nossa língua! Não somos mais internacionais, nem mais globais, nem menos preconceituosos por termos uma língua igual. O desafio que se nos coloca é apenas um, será que o "povo unido jamais será vencido"? Não queremos este acordo! Aqui segue o meu alerta, professores e editores em particular, portugueses em geral, vamos resistir! Rectamente, sem fazer acepção de pessoas, mas aceitando que factos são factos. E será um acto nobre e defensor da nossa cultura resistir. Conseguimos?

O que é que perdemos?

Desde 74 o mês de Abril é próspero em reflexões dicotómicas relativas aos ganhos da revolução. Hoje não pretendo deixar aqui algumas linhas de pensamento sobre as consequências da mudança mas, tão simplesmente, um desafio, e não me acusem de fascista, ou nacionalista exacerbado, contudo, fica a pergunta:
O que perdemos com o 25 de Abril?
Uma revolução que causou rupturas cabais com o passado proporcionou um corte drástico com muitas perspectivas societárias, económicas e culturais assentes e acerrimamente defendidas não apenas por extremistas do regime, mas também por tantos outros simplesmente embrenhados num paradigma social dominante e controlado. Importa, hoje, e à medida que nos distanciamos da revolução, reflectir sem apegos políticos excessivos provocados pela própria, concluirmos relativamente às suas consequências, com a audácia para dela retirarmos não apenas virtuosidades, mas também... o que se perdeu com a revolução? Sejamos audazes!